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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

TBR da Maratona Literária do Desespero 2019


  A Maratona Literária do Desespero promovida pela Thais Cavalcante do Pronome Interrogativo é tudo o que eu precisava pra engatar ainda mais com a minha retomada de leituras. Ela vai ocorrer entre os dias 25 de novembro e 25 de dezembro e tem o bojetivo de concluir as leituras desejadas para esse ano!
Como ainda, não me restabeleci completamente , continuarei adepta das pequenas trapaças dos desafios e preferi juntar algumas das categorias. Bem, é melhor ser franca e trabalhar na simplicidade que querer falar que vou ler e acontecer e acabar me frustrando não é mesmo? Então vamos à TBR.


Um livro que você comprou no início do ano e ainda não leu e Um clássico que você quer ler antes de terminar o ano;
Bem, como não estou comprando muitos livros desde o início do ano, escolho aqui um livro que comprei no meio do ano na Bienal, e que é considerado um clássico contemporaneo que é O Mundo de Sofia. Esse eu venho querendo ler já faz muito tempo.

Um livro que você sempre diz que vai ler e nunca lê;

A Natureza do Espaço de Milton Santos é um livro extremamente cobrado em concursos, seleções acadêmicas, entre outras, além de muito recomendado. Este é um cuja leitura já iniciei, mas então vamos concluir, não é mesmo?

Um livro que te indicaram e Um livro nacional que está na sua lista de livros para serem lidos;

Um livro que não apenas me indicaram como me emprestaram é Brasil: Uma Nova Potência Regional na Economia-Mundo. Meu orientador me recomendou e usei algumas de suas partes na minha monografia, mas é muito justo que essa obra linda seja lida de forma completa (até pra eu poder devolver até o final do ano, não é mesmo?). Além disso, nada mais nacional que um livro brasileiro sobre Brasil.
Um livro que você começou e não terminou.
Não gosto de colocar livros de poesia em maratonas porque acredito que poesia tem um ritmo próprio para ser lido, mas já tem um tempinho que tenho desejado ler mais deste livro. Então não espero terminar de lê-lo, mas engajar-me no projeto Café com Poesia da Mel Ferraz (Canal Literature-se). Assim, escolho Canto Geral de Pablo Neruda para este desafio.


Bem, então é isso, espero que seja uma experiência proveitosa pra todos!


Resenha | Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

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  A verdade é que tenho dificuldade de resenhar clássicos, uma vez que eles quase alcançam a intangibilidade. Mas isso é um pudor que tomei depois de grande, e que talvez faça sentido eu me desfazer dele, uma vez que como leitora tenho o direito de emitir minha opinião. Então muito ousadamente me proponho a resenhar  Fahrenheit 451 de Ray Bradbury.

  A ideia do queimar livros como sacrilégio permanece até hoje e serviu de inspiração para muitas outras obras artísticas e críticas à contemporaneidade. O valor de Fahrenheit 451 é inestimável, evidentemente. Um ponto chave da genialidade da obra é a inversão das funções com direito a apagamento do passado. Isto é, a função de bombeiro que apaga chamas transmutada em incendiador de livros.

  Outras relações da distopia também são muito atuais mas de outras maneiras: os televisores de três paredes caminharam para a quarta e se tornaram nossos celulares. As conchas no ouvido, os fones. As medicações para relaxar que acabam por nos matar (nosso soma huxleyano diário) continuam aí manifestados não apenas como remédios.

  Quanto aos personagens, estes evidenciam as personalidades e relações com grande força. Inclusive, é possível que haja um pouco de spoiler nesse parágrafo, sinta-se à vontade para pular. Montag é um curioso reprimido, que na minha opinião não é um protagonista interessante suficiente, principalmente com outros personagens mais interessantes como Clarisse. Esta é uma menina que sabe viver de fato, em um mundo onde isto é proibido. Me lembrou muito da Anne with an E, na verdade. Infelizmente, não é uma personagem que nos acompanha até o final do livro e o próprio autor se arrepende disso, modificando isto em suas apresentações teatrais. Mildred é o reflexo do esvaziamento das relações, com os outros e consigo mesma. Faber é um cabeça que por muito tempo ficou inativo e que muito teme ser pego, mas é de relevância central para o enredo. E Beatty é um mistério a medida em que é o superior com acesso a um conhecimento oculto, um agente de si mesmo infiltrado para nada. Ele é uma figura interessantíssima.

  Outra coisa que me chamou atenção foram os prólogos e posfácios do autor do livro que muito parece se misturar à sua história, às vezes. Não o conheço profundamente, nem sua história nem suas outras obras, mas essas partes textuais são uma porta de entrada para sua mente. Na última parte da edição, o autor faz uma crítica às minorias que o criticaram, pedindo alteração em suas obras uma vez que não se viram representadas. Então, ele alega que isto é uma queima simbólica de livros e que as minorias seriam responsáveis por isso. Prefiro crer que foi algo escrito em um ápice de sua afronta, e não algo que ele realmente acreditava, uma vez que é um posicionamento problemático. Não conheço o conteúdo de suas outras obras, mas se o caso foi de falta de representação de, fato, alterar uma obra antiga é estranho ao autor, sendo mais eficiente que se tome mais cuidado com isso em futuros livros. Mas se foi um caso de discriminação, isso é digno de não apenas alteração, como um pedido de desculpas. Ora, as minorias são tão invisibilizadas e mal representadas, e estas sempre se preocuparam em ler e criticar as obras. Não é de seu feitio queimá-las, uma vez que é preciso recordar do que foi feito com estas para fortalecer sua luta. Mas é do feitio sim das classes hegemônicas apagar a história alheia. Esse é mais um caso evidência da dificuldade de se separar arte do artista, mas isso é história para outro momento.

  Talvez por ser o primeiro livro que li em um kindle, senti a leitura muito fluida e rapidinha. É muito bem escrito e super tranquilo de ler. No geral, foi uma leitura que me instigou ainda mais a prosseguir na minha jornada das distopias!



sábado, 16 de novembro de 2019

Como Retomar o Hábito de Leitura sendo Universitário?

Hora Do Chá, Poesia, Café, Leitura, Lazer, Tabela, Copa

  Eu sei, parece não ser uma pergunta com sentido se você não for um universitário. Mas se você é, tenho certeza que sabe do que estou falando. Ora, no Ensino Médio passávamos horas dos nossos dias lendo livros, lendo sobre livros e amando livros. E então de repente entramos na Universidade com um repertório marcante e gradualmente vamos reduzindo nossa quantidade de leitura de livros que nos dão prazer, e lemos apenas textos e mais textos acadêmicos - nem se quer livros acadêmicos inteiros.

 Certamente você já tentou retomar a leitura de vários livros que costumavam te agradar e eles nem se quer te agradam mais. Acontece que você amadureceu no meio do caminho e não sabe nem se quer que ipo de livro você gosta agora. Então embarquemos no resgate de nosso hábito de leitura, porque, amigos, ainda tem jeito!


1. Você precisa de um grupo!


  Tudo bem se seus amigos estão tão perdidos em termos de leitura quanto você. Você pode procurar um clube da leitura na sua cidade, ou mesmo tentar começar um. Assim como se fazem grupos de pesquisa na graduação, também se pode ter grupos por hobby que não somos de ferro.
 Isso é demais? Então talvez você precise de algo mais simples como conversar sobre livros com amigos que não gostam de ler. Tudo bem que parece uma coisa sem nexo, mas se você tiver um amigo que goste muito de conversar sobre qualquer coisa, certamente ele vai gostar de ouvir um a história diferente sobre o que você está lendo. Falar sobre livros nada mais é do que fazer fofoca sobre seus personagens e todo mundo gosta de uma boa fofoca.

2. Que tal um pouco de motivação?


Livros, Biblioteca, Quartos, Escola, Estudo

  Estar em um ambiente cercado de livros pode ser inspirador, portanto experimente ir a uma biblioteca ou a um evento literário. Para se ter uma ideia, quando a época da Bienal se aproxima, eu sempre retomo meu instinto leitor.
  Outra forma de se motivar é seguir mais contas que postam sobre livros no Pinterest ou Instagram, por exemplo, ou mesmo voltar a assistir os booktubers que você costumava gostar - quem sabe o gosto deles não evoluiu, assim como o seu, e assim você pode pegar novas sugestões de leitura - e até mesmo descobrir novos.

3. Estabeleça Pequenas Metas Diárias


  Não me refiro a metas de ler cinquenta livros por ano, ou um livro por dia. Metas simples como ler um capítulo por dia ou ler um pouquinho toda vez que pegar um transporte público, podem funcionar melhor do que você imagina. Conforme você for pegando novamente o gosto pela coisa, você certamente irá ultrapassar essas metas sem nem perceber.

4. Tenha um Diário de Leitura

Livros, Notepad, Caneta, Educação, Notebook, Estudante

  Essa é pra se você não se adaptou à comunidade - ou mesmo se você se adaptou e quer ainda mais empenho. Estou criando esse hábito do diário agora e funciona muito bem para que você extraia o que há de melhor no livro. Pode ser físico ou digital, conforme você se sentir mais confortável. E se der preguiça de escrever sobre, apenas não escreva. Escreva apenas quando tiver vontade de comentar sobre algo surpreendente que você leu, como uma conversa consigo mesmo ou com o autor, ou com o próprio livro.


  Espero que as dicas sejam úteis, porque elas tem me ajudado muito a voltar a aumentar gradualmente minhas leituras e a ter mais alegria, uma vez que ler (e escrever como consequência) sempre foi uma das minhas coisas favoritas da vida. Se você tiver alguma outra sugestão, não deixe de comentar!


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Diário de Leitura | Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

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  Tendo em mente que a resenha possui um caráter mais formal, gostaria de deixar aqui registrado um diário de leitura. O intuito disto se dá em colocar pensamentos e associações sobre o livro, como uma conversa comigo mesma. Espero que de alguma forma, converse com vocês também.


01 de Novembro de 2019.


  O Prefácio muito me parece interessante, principalmente nas associações do que é ser Selvagem, da sanidade de espírito que lhe cabe. O autor não aprofunda muito suas concepções sobre, e há até momentos em que eu discorde, mas acabou por me lembrar do arquétipo da Mulher Selvagem, que, de fato, se refere à sanidade de espírito.

  Já no primeiro capítulo, pareceu-me interessante a ideia da Sala de Predestinação Social a medida em que evidência como a ciência utópica/distópica acaba visando aproximar-se dos poderes de criação divina, com exceção de que não há livre arbítrio, apenas ciência, técnica e alucinógenos (alienação). Também é muito intenso como há uma narração cinematográfica a medida em que vão se passando várias cenas simultâneas.

  Outros dois elementos fantásticos para se pensar ainda introdutóriamente é a ideia de "Estado Mundial", que conversa diretamente com o lema planetário de comunidade, identidade e estabilidade, e a medição temporal a partir de Ford - considere ainda que o livro foi escrito em 1931.

  No próximo capítulo, já se fala de um condicionamento "neopavloviano", que corresponderia à "educação" daquela sociedade, e é algo cruel que muito me fez lembrar dos processos vividos pelo Alex em Laranja Mecânica, só que realizados antes de qualquer crime, ainda em estágios muito infantis.


02 de Novembro de 2019.


  Eu definitivamente esperava assuntos como consumismo, mas o tema do machismo naturalizado me surpreendeu em uma utopia pensada nesta época. Outro tema muito abordado neste quarto capítulo é a divisão social em castas, que viria a inspirar praticamente todas as distopias YA contemporâneas.
  No próximo, me dei conta de como os nomes escolhidos (Marx, Engels, "Lenina" quem sabe) são os nomes de figuras da época em que o livro foi escrito.


03 de Novembro de 2019.


  Se mostra muito interessante como o personagem principal da distopia (e, por natureza protagonística, o que pensa diferente de todos), apesar de ter breves anseios de revolução, ainda assim é passível de todos os seus (literais) condicionamentos. Bernard, inclusive, luta contra si mesmo para pensar de forma distinta.


04 de Novembro de 2019.

  É muito interessante como o livro se retrata aos "povos selvagens" não civilizados pelos recursos de difícil extração e valores muito superiores ao que se considera plausível. É bem uma menção à colonização mesmo, dali só se retira, não se contribui (ainda que tais contribuições também sejam igualmente dispensáveis, uma vez que são igualmente perversas).
  Nesse sentido ainda, se formos realmente parar para notar, toda a sociedade retratada no livro é uma sociedade racista com suas ideias de seleção genética, eugenia e divisão social de classe/casta.


05 de Novembro de 2019.


  Chegamos a outro nível narrativo conforme John aparece: o único homem que virá a ser inserido naquela sociedade que foi nascido e não decantado. Mais que isso, ele não foi condicionado. Sendo assim, está puro em suas emoções, não sendo adepto do soma. Tem também muitas questões com pertencimentos, uma vez que os outros povos não o aceitam por ser física e culturalmente diverso (uma vez que a mãe dele era condicionada).


07 de Novembro de 2019.


  Bernard então começa a ter seus "dias de glória", o soma do ego. Este último, inflado pela primeira vez na vida, lhe aproxima mais dos outros membros da sociedade, mostrando o quanto ele é passível à felicidade que aquele grupo tem a oferecer.


  Concluindo a experiência do diário de leitura, gostaria de dizer que foi um método bastante interessante de se pensar um livro, como uma conversa comigo mesma. É uma fórmula muito eficiente para nós que não temos clube de leitura, alguém pra comentar ou não somos blogueiras que tem mil seguidores pra interagir. É um formato mais natural de falar sobre um livro que uma resenha também. O único defeito do método sou eu mesma que esqueço de atualizar sempre que leio. Mas, no geral, pareceu funcionar bem. O que vocês acharam?

  Já sobre o livro, fiquei muito contente de ter lido esse livro agora embora já tivesse o interesse de ler há uns cinco anos atrás, porque minha bagagem de vida é totalmente diferente nesse momento. Achei abordagens muito geográficas que me interessaram e uma leitura muito fluida. Não me impressionou tanto quanto 1964, que é mais cru, mas isso pode também ter sido um efeito da época de leitura. No entanto, Admirável Mundo Novo é um livro que te faz questionar muito, que se esforça em te convencer de que há uma lógica na "civilização" ao mesmo tempo em que mostra sua crueldade. O final é também muito impactante e a mudança e os (resquícios) de humanidade dos personagens são impressionantes. Um clássico é um clássico, recomendação na certa!



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