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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Diário de Leitura | Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

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  Tendo em mente que a resenha possui um caráter mais formal, gostaria de deixar aqui registrado um diário de leitura. O intuito disto se dá em colocar pensamentos e associações sobre o livro, como uma conversa comigo mesma. Espero que de alguma forma, converse com vocês também.


01 de Novembro de 2019.


  O Prefácio muito me parece interessante, principalmente nas associações do que é ser Selvagem, da sanidade de espírito que lhe cabe. O autor não aprofunda muito suas concepções sobre, e há até momentos em que eu discorde, mas acabou por me lembrar do arquétipo da Mulher Selvagem, que, de fato, se refere à sanidade de espírito.

  Já no primeiro capítulo, pareceu-me interessante a ideia da Sala de Predestinação Social a medida em que evidência como a ciência utópica/distópica acaba visando aproximar-se dos poderes de criação divina, com exceção de que não há livre arbítrio, apenas ciência, técnica e alucinógenos (alienação). Também é muito intenso como há uma narração cinematográfica a medida em que vão se passando várias cenas simultâneas.

  Outros dois elementos fantásticos para se pensar ainda introdutóriamente é a ideia de "Estado Mundial", que conversa diretamente com o lema planetário de comunidade, identidade e estabilidade, e a medição temporal a partir de Ford - considere ainda que o livro foi escrito em 1931.

  No próximo capítulo, já se fala de um condicionamento "neopavloviano", que corresponderia à "educação" daquela sociedade, e é algo cruel que muito me fez lembrar dos processos vividos pelo Alex em Laranja Mecânica, só que realizados antes de qualquer crime, ainda em estágios muito infantis.


02 de Novembro de 2019.


  Eu definitivamente esperava assuntos como consumismo, mas o tema do machismo naturalizado me surpreendeu em uma utopia pensada nesta época. Outro tema muito abordado neste quarto capítulo é a divisão social em castas, que viria a inspirar praticamente todas as distopias YA contemporâneas.
  No próximo, me dei conta de como os nomes escolhidos (Marx, Engels, "Lenina" quem sabe) são os nomes de figuras da época em que o livro foi escrito.


03 de Novembro de 2019.


  Se mostra muito interessante como o personagem principal da distopia (e, por natureza protagonística, o que pensa diferente de todos), apesar de ter breves anseios de revolução, ainda assim é passível de todos os seus (literais) condicionamentos. Bernard, inclusive, luta contra si mesmo para pensar de forma distinta.


04 de Novembro de 2019.

  É muito interessante como o livro se retrata aos "povos selvagens" não civilizados pelos recursos de difícil extração e valores muito superiores ao que se considera plausível. É bem uma menção à colonização mesmo, dali só se retira, não se contribui (ainda que tais contribuições também sejam igualmente dispensáveis, uma vez que são igualmente perversas).
  Nesse sentido ainda, se formos realmente parar para notar, toda a sociedade retratada no livro é uma sociedade racista com suas ideias de seleção genética, eugenia e divisão social de classe/casta.


05 de Novembro de 2019.


  Chegamos a outro nível narrativo conforme John aparece: o único homem que virá a ser inserido naquela sociedade que foi nascido e não decantado. Mais que isso, ele não foi condicionado. Sendo assim, está puro em suas emoções, não sendo adepto do soma. Tem também muitas questões com pertencimentos, uma vez que os outros povos não o aceitam por ser física e culturalmente diverso (uma vez que a mãe dele era condicionada).


07 de Novembro de 2019.


  Bernard então começa a ter seus "dias de glória", o soma do ego. Este último, inflado pela primeira vez na vida, lhe aproxima mais dos outros membros da sociedade, mostrando o quanto ele é passível à felicidade que aquele grupo tem a oferecer.


  Concluindo a experiência do diário de leitura, gostaria de dizer que foi um método bastante interessante de se pensar um livro, como uma conversa comigo mesma. É uma fórmula muito eficiente para nós que não temos clube de leitura, alguém pra comentar ou não somos blogueiras que tem mil seguidores pra interagir. É um formato mais natural de falar sobre um livro que uma resenha também. O único defeito do método sou eu mesma que esqueço de atualizar sempre que leio. Mas, no geral, pareceu funcionar bem. O que vocês acharam?

  Já sobre o livro, fiquei muito contente de ter lido esse livro agora embora já tivesse o interesse de ler há uns cinco anos atrás, porque minha bagagem de vida é totalmente diferente nesse momento. Achei abordagens muito geográficas que me interessaram e uma leitura muito fluida. Não me impressionou tanto quanto 1964, que é mais cru, mas isso pode também ter sido um efeito da época de leitura. No entanto, Admirável Mundo Novo é um livro que te faz questionar muito, que se esforça em te convencer de que há uma lógica na "civilização" ao mesmo tempo em que mostra sua crueldade. O final é também muito impactante e a mudança e os (resquícios) de humanidade dos personagens são impressionantes. Um clássico é um clássico, recomendação na certa!



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