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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Poesia da Semana #13




O Gondoleiro do Amor
Castro Alves

    Teus olhos são negros, negros,
    Como as noites sem luar...
    São ardentes, são profundos,
    Como o negrume do mar;
     
    Sobre o barco dos amores,
    Da vida boiando à flor,
    Douram teus olhos a fronte
    do Gondoleiro do amor.
     
    Tua voz é a cavatina
    Dos palácios de Sorrento,
    Quando a praia beija a vaga,
    Quando a vaga beija o vento;
     
    E como em noites de Itália,
    Ama um canto o pescador,
    Bebe a harmonia em teus cantos
    O Gondoleiro do amor.
     
    Teu sorriso é uma aurora,
    Que o horizonte enrubesceu,
    -Rosa aberta com o biquinho
    Das aves rubras do céu.
     
    Nas tempestades da vida
    Das rajadas no furor,
    Foi-se a noite, tem auroras
    O Gondoleiro do amor.
     
    Teu seio é vaga dourada
    Ao tíbio clarão da lua,
    Que, ao murmúrio das volúpias,
    Arqueja, palpita nua;
     
    Como é doce, em pensamento,
    Do teu colo no languor
    Vogar, naufragar, perder-se
    O Gondoleiro do amor!?...
     
    Teu amor na treva é - um astro,
    No silêncio uma canção,
    É brisa - nas calmarias,
    É abrigo - no tufão;
     
    Por isso eu te amo querida,
    Quer no prazer, quer na dor...
    Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
    Do Gondoleiro do amor

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