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domingo, 22 de novembro de 2015

Resenha de O Corcunda de Notre Dame



  Não faz nem dez minutos que acabei de ler, mas não consegui esperar mais para falar sobre essa obra incrível de Victor Hugo. Dizem que é bom esperar um pouco após o fim da leitura do livro antes de fazer a resenha para evitar comentários empolgados e impulsivos, mas temo esquecer de comentar algo depois. Além do mais, qual é o grande problema de comentários empolgados depois de uma leitura? Isso quer dizer que impressionou. E se quer uma resenha que expresse exatamente a forma como o leitor se sente, que seja a que ele escreveu segundos depois da leitura.

  Devaneios à parte! Que livro é esse, Senhor? Senhora? Alguém me responda! Coloquei-o na minha meta do Skoob por causa de um antigo interesse somado à resenha maravilhosa da Vevs. Os Miseráveis, do mesmo autor, e pelos mesmos motivos citados, também estava nessa meta. Comprei este último primeiro, mas pelo tamanho acabei deixando para depois. Mesmo sem tê-lo lido, comprei O Corcunda de Notre Dame na Bienal na edição linda, ilustrada, de capa dura, comentada, maravilhosa da Zahar e por pura impulsividade comecei a ler. Quando me dei por mim, já havia engolido a obra.

   Verdade seja dita, a Disney fez um ótimo trabalho com sua animação da obra literária de Victor Hugo, mas não pense que são idênticas. São dois projetos maravilhosos, mas são distintos e devem ser avaliados com olhares diferenciados. Só para começar, há mais personagens no livro, cujas personalidades e histórias são mais aprofundadas. A Esmeralda, na minha opinião, é a personagem que mais difere nas duas versões, tanto na aparência como no comportamento. A Esmeralda da Disney é uma mulher feita, cheia de atitude, senso de justiça e sensualidade. A do livro é uma jovem de dezesseis anos de coração muito bom e puro, ingênua, crédula, e cuja própria sensualidade passa desapercebida pela mesma. Enquanto a animação escolheu representar apenas a bondade de Quasímodo - além de amaciar a sua feiura -, Claude Frollo foi muito bem representado pela animação, com sua contrastante luxúria e religiosidade. Já o Phoebus da adaptação se torna um galante guerreiro, digno e apaixonado verdadeiramente pela cigana, o Phoebus do livro é um galante canalha. Em uma última comparação, nota-se que o Clopin da animação se mostra uma mistura de Gringoire, Jehan e do próprio Clopin do livro. Por fim, alguns outros personagens de destaque ausentes da produção da Disney são Pierre Gringoire (um filósofo involuntariamente cômico que gosta mais de uma cabra do que de gente), Jehan Frollo (o irmãozinho mimado de Claude) e Fleur-de-Lys (a noiva pálida de Phoebus - quase uma Sansa, diga-se de passagem).

  Feitas analogias necessárias, deixemos a versão da Disney de lado, e nos aprofundemos no clássico de Victor Hugo. Conta-se algumas das marcantes histórias que ocorrem no cenário de Paris ao redor (e dentro) de Notre Dame durante a Idade Média: desde os ciganos do Pátio dos Milagres à vida dos burgueses, e até mesmo do rei. Temos como destaque a figura da cigana Esmeralda que encanta a todos, o que inclui Phoebus, Quasímodo e o Arquidiácono Frollo, e exclui algumas carolas e uma estranha mulher que passa a vida a rezar e gritar pela filha perdida. A partir disso, o narrador passa a expor o que se passa na vida, na mente e no coração dos personagens que enredam esta trama. Personagens esses que são muito bem construídos, com suas qualidades e defeitos, pensamentos, impulsos, sentimentos; todos repletos de realidade.

  Ainda que haja algumas pausas para devaneios do narrador - como descrições de Paris, Notre Dame, da vida do rei, e da arquitetura da época -, todos eles têm uma função. Victor Hugo não devaneia por devanear, há uma intenção por trás de cada um - e o vídeo da Vevs fala sobre isso. A narrativa tem um ritmo maravilhoso que faz com que cem páginas pareçam vinte.

  O Corcunda de Notre Dame se tornou um dos meus livros favoritos antes mesmo que eu o terminasse. Eu sabia que, independentemente do fim, eu já havia sido conquistada pelos personagens, narração, enredo, ironias, referências, tudo! Tive uma enxurrada de sentimentos com essa leitura como não tenho há meses! É a melhor leitura que eu fiz nesse ano (que nem acabou) e eu a recomendo profundamente.

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